domingo, 18 de novembro de 2012

Moço Doce - Por Luciana Costa



Para uma melhor organização e acessibilidade criei um novo blog para as prosas e por um período de 90 dias deixarei as prosas aqui mas vencendo o prazo estas serão removidas para o blog Palavras Vivas em Prosa.

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Moço Doce


Pof! Pof!
− Quem é?
Nada de resposta, levantei da cadeira, largando meus afazeres e fui à porta. Olhei pelo olho mágico e vi um rapaz bonito com uma xícara nas mãos. No mesmo instante pensei: Será açúcar? Com um sorriso bobo nos lábios abri a porta.
Para minha surpresa o rapaz estava com um sorriso de ponta a ponta dos lábios, que me perguntei o que havia de engraçado na minha porta, mas...
Me deu bom dia e respondi. Apresentou-se com Bruno e disse que era meu mais novo vizinho, o cumprimentei. Ele perguntou se eu tinha uma xícara de açúcar para emprestar, ri e falei que não, pois sou diabética. Ele ficou vermelho, pediu desculpa e se retirou. Entrei e fui direto para meus trabalhos.

Pof! Pof!
− Quem é?
Nada de resposta, me levantei exasperada me perguntando se seria o moço doce, e foi como passei a chamar meu novo vizinho. No relógio marcava a mesma hora da visita de ontem.
Olhei pelo olho mágico e... bingo! Era ele mesmo, agora com um pequeno pote nas mãos.
Abri a porta e o vi com o mesmo sorriso no rosto. Me saudou novamente e perguntou se eu tinha um pouco de pó de café. Mais uma vez respondi que não, só tomo chá. Ele de forma encabulada me deu adeus e saiu.
Entrei novamente e fui para os meus papéis.

Pof! Pof!
Não iria perguntar quem era, no mesmo horário dos últimos dois dias, só podia ser o moço doce. E se fosse, ah! Eu juro que iria deixá-lo amargo. Olhei pelo olho mágico e... era ele com o mesmo sorriso nos lábios. Olhando para o sorriso me acalmei um pouco. Respirei fundo e abri a porta e perguntei:
− Sim?
Como sempre deu bom dia, e perguntou se eu tinha um cd de rock para lhe emprestar.
O olhei com vontade de esganar, mas contive o pensamento e respondi que só gostava de músicas românticas, aquelas que os “moderninhos” chamam de “careta”. Ele olhou para mim com um sorriso e falou:
− Ok, até amanhã. – Virou as costas e saiu.
Entrei irada. Como é que uma pessoa vem à casa de outra, pede, pede e pede empréstimos, vira as costas e sai. E ainda diz que vai voltar amanhã!

Pof! Pof!
Olhei para o relógio, mesmo horário, era ele.
Levantei com gosto, olhei pelo olho mágico e lá estava com o sorriso no rosto. Droga! Por sorria assim! Não tinha como ficar com raiva dele!
Abri a porta, ele olhou para mim e falou:
− Bom Dia! Venha comigo, quero te dar algo.
Olhei desconfiada, mas, o que poderia acontecer? Fechei a porta e fui. Chegamos à porta do seu apartamento e ele falou:
− Seja bem vinda à minha casa.
Abriu a porta. Tudo era muito limpo e organizado, e na mesa havia um café da manhã digno de um rei.
Olhando para mim, disse:
− Sente-se. Fiz tudo isso para você.
Sem entender, sentei. Ele começou a me servir. Eu segurei a mão dele e falei:
− Por quê? – Apontei para a mesa.
Ele sorriu:
− Queria te conhecer melhor... E com a desculpa dos empréstimos... bem, descobri que não comes açúcar, não gostas de café e amas músicas românticas.  − Apontando para o som que tocava uma das músicas que mais gostava.
Sorri, pensando como foi que eu pude dar tantas informações a meu respeito, de forma tão simples. O sorriso dele era o culpado. O olhei e perguntei:
− Certo, mas como sabias que eu não lhe trataria mal?
− Em sua porta há um recado que diz: “Traga um sorriso nos lábios que será recebido por outro”. E dessa forma o fiz.

“Nunca prometa algo que não poderá cumprir, mesmo que seja um simples sorriso.”



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